I-REC: conheça o sistema de certificados de energia renovável para empresas no ACL
Com as evidências das mudanças climáticas e a pressão pública em prol da sustentabilidade, é crucial para qualquer empresa, hoje, investir em soluções alinhadas aos princípios ESG, como o uso de energia limpa gerada por fontes de energia renováveis.
Para isso, entretanto, é indispensável que a empresa possua os chamados Certificados de Energia Renovável (REC’s), documentação necessária para comprovar que a energia elétrica que ela consome é proveniente de fontes limpas.
No Brasil e no resto do mundo, o sistema mais utilizado e reconhecido é o I-REC, compatível com vários padrões internacionais de contabilidade de carbono para Escopo 2.
Nesta página, o Portal Solar te mostra tudo sobre o sistema I-REC para ajudar você que busca adquirir os certificados de energia renovável para a sua empresa no mercado livre de energia.
O que é o I-REC?
O International REC Standard (I-REC) é um sistema operacional de rastreamento de atributos ambientais de energia e contabilidade confiável de carbono padronizado pelas regras, regulamentos e práticas do Código I-REC, que permitem implementá-lo em qualquer país do mundo para a certificação de energia renovável para empresas e outros grandes consumidores.
Com reconhecimento mundial, o certificado do sistema I-REC garante que a energia que o seu titular consome é proveniente de fontes limpas e oficializa seu compromisso para a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e outros impactos ambientais causados pela energia de fontes não renováveis, chamados de emissões de Escopo 2.
No Brasil, os certificados I-REC são especialmente importantes para as empresas que produzem ou compram energia renovável no Ambiente de Contratação Livre (ACL), mais conhecido como Mercado Livre de Energia.
O motivo é que a transmissão da energia gerada e comercializada no mercado livre é feita por meio do Sistema Interligado Nacional (SIN), que também engloba todo o restante da produção elétrica no Brasil, incluindo a energia das hidrelétricas, térmicas e outras usinas não renováveis ligadas ao Grid.
Portanto, uma empresa sem REC's não garante um consumo limpo, mesmo que seja produzida por uma usina renovável ou possua contrato de compra da energia de empreendimentos deste tipo, pois não existe forma de rastrear a origem da energia consumida da rede, ficando ela à mercê do fator de emissão do Grid, que está abaixo das metas estipuladas pelos princípios do ESG.
Os certificados de energia renovável do sistema I-REC são emitidos e comercializados justamente como comprovantes desse consumo de energia limpa, através da metodologia de análise reconhecida da I-REC Standard, entidade internacional que controla o sistema.
Cada país ou região possui um emissor local ligado ao I-REC Standard que operacionaliza os registros de empreendimentos e participantes, assim como a emissão dos certificados. No Brasil, o emissor ligado ao I-REC Standard é o Instituto Totum.
Como funciona o I-REC e o sistema de certificados de energia renovável?
Com base nos dados auditados das empresas registradas, o sistema I-REC permite aos participantes rastrear os atributos da produção de energia renovável, desde o seu local de geração até o seu local de consumo, seja para cumprimento de exigências governamentais ou metas corporativas sustentáveis com foco em princípios ESG.
Esses atributos, definidos como "características descritivas ou de desempenho de um determinado recurso de geração de energia", envolvem diversas informações auditáveis dos empreendimentos geradores, incluindo a sua localização, o tipo de energia primária, a data de comissionamento, a capacidade instalada, o volume de energia produzido e quando a energia foi produzida.
Cada REC atende a uma unidade de energia renovável injetada na rede, equivalente a 1 megawatt-hora, e compensa para o seu titular o consumo do mesmo volume de energia durante o seu período de validade.
Os certificados I-REC podem ser negociados para qualquer período, desde que o fornecedor tenha disponibilidade para atendimento.
Após ser alocado para um consumidor, o certificado I-REC sai do estoque da empresa emitente, no que se chama aposentadoria do certificado.
Existem três participantes no sistema I-REC:
- o emissor - entidade que atua de forma contratual com a organização global e supervisiona toda a operação local;
- os registrantes - pessoas ou empresas que representam os empreendimentos geradores; e
- os participantes - pessoas ou empresas cadastradas no registro I-REC que desejam manter ou negociar os certificados de energia renovável.
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Como obter a certificação?
As empresas geradoras que desejam emitir certificados I-REC no Brasil precisam enviar seus documentos para a auditoria feita pelo emissor local, o Instituto Totum.
Se aprovada, a empresa adere ao código I-REC e ganha registro na plataforma internacional do sistema, utilizada desde 2017 no Brasil, mediante ao pagamento das taxas do Programa Certificação de Energia Renovável.
Na auditoria, cinco pontos básicos sobre o empreendimento gerador são analisados:
- A fonte de energia é renovável (solar, eólica, hídrica ou biomassa)?
- A energia é legalmente instalada?
- A energia é interligada no Grid de sistema nacional de energia?
- Inexiste duplo beneficiário do REC (sem contagem dupla)?
- Há características adicionais de sustentabilidade?
Existe um processo ainda mais rigoroso que permite à empresa adquirir selos de sustentabilidade adicionais: o REC Brasil e o GoldPower.
Para os consumidores livres e especiais do ACL que optam pela compra de energia, seus certificados de energia renovável podem ser adquiridos diretamente das empresas geradoras ou comercializadoras qualificadas no sistema I-REC.
A equipe de consultores do Portal Solar está pronta para ajudar você a obter os certificados de energia renovável I-REC da sua empresa, entre em contato por aqui.
Benefícios do I-REC
A certificação internacional de energia renovável do sistema I-REC é crucial para as empresas ligadas às práticas Ambientais, Sociais e de Governança (Environmental, Social and Governance, ou ESG) e aos chamados ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), cada um dos 17 macrotemas levantados pela ONU para representar os desafios e vulnerabilidades que precisam ser endereçados globalmente até 2030 para atingirmos um desenvolvimento sustentável.
Nos últimos anos, o interesse pelo termo ESG estourou entre as empresas brasileiras em resposta ao claro interesse de investidores e do próprio público por empresas verdes.
Os certificados I-REC são contabilizados e podem zerar as emissões de CO2 atreladas ao consumo de energia do titular, inclusive para empresas que não consomem apenas energia renovável, mas desejam compensar as emissões indiretas deste consumo do SIN, chamadas de Escopo 2, no Programa Brasileiro GHG Protocol.
Com essa validação, empresas afirmam sua posição sustentável para a sociedade e ainda consegue uma melhora de seus indicadores para programas de reporte, como o Carbon Disclosure Program (CDP), o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e o Down Jones Sustainability Index (DJSI).
O I-REC também é um das estratégias usadas pelas organizações ligadas ao RE100, iniciativa global com mais de 100 grandes empresas comprometidas em atingir um consumo de energia 100% renovável, entre elas Microsoft, Facebook e Adobe.
O registro no I-REC também é uma forma de empresas geradoras agregarem valor ao seu produto para ampliar seus lucros e investimentos em fontes de energia renováveis.
Os Certificados de Energia Renovável (REC's) no Brasil
Os dados do Instituto Totum mostram claramente que a procura por certificados de energia renovável disparou no Brasil nos últimos anos.
Em 2019, foram 2.531.508 certificados emitidos no país, número 650% maior que o de 2018. Já em 2020, o total passou de 4 milhões, conforme divulgado no estudo benchmarking I-REC e REC BRAZIL 2020.
A evolução também está no número de empreendimentos geradores cadastrados no sistema I-REC no Brasil, que cresceu 43% e chegou a 152 usinas em 2020, a maior parte delas eólicas, solares e hídricas (PCH e CGH).
Em 2020, inclusive, o Brasil já era o primeiro país do mundo em número e potência instalada de usinas certificadas pelo sistema I-REC.
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