Condomínio solar ou como reduzir a conta de luz sem um painel solar no seu imóvel
A energia solar fotovoltaica está crescendo de várias formas no Brasil, entre elas o modelo de condomínio solar, também chamado de fazenda solar. Os projetos utilizam a mesma tecnologia dos sistemas instalados em casas e empresas, e são uma opção para quem não quer, ou não pode, instalar um gerador no seu imóvel.
Com o ótimo desempenho e rentabilidade dos painéis solares em todo o Brasil, várias dessas instalações já podem ser encontradas pelo país.
Mas o que é o condomínio solar e como ele funciona? Respondemos essas e todas as outras dúvidas neste artigo, confira.
Geração distribuída e o sistema de compensação de energia elétrica
Para entender o condomínio fotovoltaico, antes precisamos conhecer o segmento de geração distribuída de energia da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Ao contrário da tradicional Geração Centralizada (GC), na qual concessionárias e distribuidoras detêm a produção das grandes usinas e revendem a sua energia para a população, na Geração Distribuída (GD) os próprios consumidores podem gerar a sua energia a partir de micros ou minigeradores movidos por fontes de energia renováveis.
O início da GD aconteceu em 2012, quando a Aneel promulgou a sua Resolução Normativa 482 com as condições para conexão e operação dos geradores junto à rede elétrica pública.
Com as regras também foi criado o sistema de compensação de energia elétrica, modelo já adotado em outros países e que torna viável a instalação de geradores por pessoas e empresas.
De forma simples, o sistema de compensação determina que a energia produzida pelos consumidores e injetada na rede elétrica seja contabilizada pelas distribuidoras para, depois, ser convertida e restituída na forma de créditos energéticos.
A cada mês, os créditos são utilizados para cobrir a quantidade de energia equivalente que foi consumida da rede elétrica nos momentos em que os geradores não produzem o suficiente para atender o imóvel.
Ou seja, no caso dos geradores solares, são os períodos noturnos ou os dias nublados e chuvosos, quando há pouca ou nenhuma luz do sol disponível.
Foi esse sistema de créditos que permitiu aos consumidores reduzir o seu consumo de energia da distribuidora e, assim, conseguir uma economia de até 95% na conta de luz.
No entanto, a regulamentação inicial da GD possuía limitações jurídicas que ainda não permitiam as instalações de condomínios solares.
Resolução Normativa 687 e a energia solar compartilhada
Em 2015, a Aneel revisou as regras originais da GD por meio da Resolução Normativa Nº 687, na qual introduziu a nova modalidade de geração compartilhada que tornou possível os projetos de condomínio solar.
A geração compartilhada é definida pela reunião de pessoas ou empresas, respectivamente por meio de cooperativas ou consórcios, que instalam um gerador central único para produzir e injetar na rede a energia que, depois, será convertida em créditos e distribuída entre os participantes de acordo com a divisão acordada entre eles.
Segundo as regras da Aneel, para que seja possível a geração compartilhada de energia, o gerador precisa ser instalado em local diferente das unidades consumidoras (casas ou empresas) participantes e todas devem estar localizadas dentro da área de concessão ou permissão da mesma distribuidora.
A modalidade compartilhada foi a oportunidade para muitos brasileiros que queriam economizar com energia solar mas não podiam instalar um sistema, como moradores de apartamento.
Além da geração compartilhada, a Resolução 687 da Aneel trouxe outras modalidades e melhorias para a regulação da GD, incluindo:
- Geração de autoconsumo remoto;
- Geração em empreendimento com múltiplas unidades consumidoras;
- Ampliação da potência máxima para minigeradores de energia solar, de 1 MW para 5 MW;
- Aumento da validade dos créditos de energia, de 36 para 60 meses.
Saiba mais sobre as Resoluções Normativas em: Aneel Energia Solar
Quer saber quanto custa para instalar energia solar?
O que é o condomínio solar?
Legalizado pelas regras de geração distribuída da Aneel, o condomínio solar (ou fazenda solar) é um grande projeto fotovoltaico de geração compartilhada que produz energia para ser convertida em créditos e atender os imóveis de várias pessoas ou empresas localizadas na mesma região.
Segundo as regras atuais do segmento distribuído, as miniusinas fotovoltaicas para os projetos de condomínios solares podem ter potência instalada de até 5 Megawatts (MW).
A construção de condomínios solares é feita a partir de cooperativas de pessoas físicas ou consórcios de empresas, os quais são constituídos por meio de CNPJ próprio.
Feito isso, os responsáveis pelo consórcio ou cooperativa procuram uma empresa de energia solar para a realização do projeto e a instalação da miniusina fotovoltaica.
O time técnico da empresa irá analisar o consumo elétrico de todos os participantes e dimensionar o sistema para que ele consiga produzir uma quantidade de energia/créditos que atenda a todos.
Por fim, a distribuidora de energia local realiza a conexão da usina à sua rede elétrica e passa a contabilizar os créditos gerados no mês, que serão divididos entre os participantes.
Como funciona um condomínio solar?
A geração de energia elétrica e créditos em um condomínio solar acontece da mesma forma que em sistemas fotovoltaicos residenciais ou comerciais.
Ao contato com a luz do sol, os painéis fotovoltaicos geram energia em corrente contínua que é enviada ao inversor solar para ser adaptada em corrente alternada, padrão da rede elétrica.
Toda energia produzida no condomínio é injetada pelo inversor na rede elétrica da distribuidora local, que converte ela em créditos energéticos.
Depois, os créditos são divididos entre os participantes conforme o estipulado no consórcio ou cooperativa e utilizados para abater o consumo de suas empresas ou residências.
Da mesma forma que nos geradores individuais, os painéis fotovoltaicos de condomínios solares possuem uma vida útil de pelo menos 25 anos, o que garante alto retorno do investimento em energia solar.
Como funciona uma cooperativa ou consórcio de energia solar?
A criação das cooperativas e consórcios de energia para os condomínios solares envolve vários aspectos jurídicos que são explicados por um especialista no vídeo abaixo, confira:
Como participar de um condomínio solar? Modelos de negócio
Existem duas maneiras distintas para pessoas e empresas que desejam fazer parte de condomínios solares no Brasil.
São elas:
Compra de painel solar
O consumidor investe na compra de um lote de placas solares (módulos fotovoltaicos) do condomínio para uso próprio ou aluguel de energia solar.
No primeiro caso, é a mesma coisa de quem instala um sistema próprio, com a diferença que a energia é produzida de forma remota e não no local de consumo.
O outro caso é para investidores, que colocam dinheiro na construção do condomínio para obtenção de lucro.
Aluguel de placas fotovoltaicas
A segunda opção é o arrendamento de um lote de painéis do condomínio fotovoltaico que dá direito ao uso de sua energia durante o prazo de vigência do contrato.
O aluguel é uma alternativa mais acessível por não necessitar de investimento inicial e, em alguns casos, ainda oferece a opção de compra do lote ao final do contrato.
Vantagens e desvantagens do condomínio solar
Os condomínios solares apresentam algumas vantagens e desvantagens em relação ao investimento em um sistema próprio, sendo:
Geração remota
A principal vantagem dos condomínios solares é permitir a geração de energia em outro local que não seja o próprio imóvel, algo crucial para quem mora em apartamento e não tem espaço para instalação do sistema ou mesmo para quem não quer um projeto próprio.
Redução dos custos de instalação
Assim como em outras tecnologias, os projetos de energia solar de maior porte, como as fazendas solares, apresentam ganhos de escala que tornam seu custo por Watt instalado mais barato que o de projetos menores.
Sem investimento inicial
No modelo de aluguel de placas solares em condomínios, é possível aproveitar a energia que elas produzem sem o investimento inicial na sua instalação.
Melhores condições de instalação
Como não precisa estar junto às unidades consumidoras, o condomínio fotovoltaico pode ter o seu local de instalação escolhido a dedo e seguindo as melhores condições para geração solar, o que garante ótimo retorno do projeto.
Maior tributação pelo uso da rede
Por outro lado, uma desvantagem de quem opta pelo condomínio solar é o maior uso da rede elétrica, o que resulta em maiores encargos da distribuidora.
Para quem instala um sistema próprio, a energia produzida pelo painel durante o dia pode ser instantaneamente consumida pelo imóvel, sem passar pela rede elétrica e sem gerar tributos.
O mesmo não acontece para quem produz remotamente, quando toda a energia do painel é injetada na rede para ser convertida em créditos.
Condomínios solares no Brasil
Com a forte popularização da energia fotovoltaica no Brasil, hoje já é possível encontrar várias fazendas solares por todo o país.
Veja aqui uma reportagem da Globo que mostra o crescimento desse mercado.
O primeiro projeto de condomínio solar no Brasil foi construído na cidade de Limoeiro do Norte, no Ceará, e possuía 1,06 MW de potência em sua primeira fase.
Na Bahia, o condomínio Terra do Sol foi construído a 600 km de Salvador e está ajudando pessoas e empresas da região a economizar na conta de luz.
Como no caso da empresa BLI Condomínios, administradora de vários empreendimentos na região, que arcava com uma conta média mensal de R$ 2 mil e, hoje, paga apenas a taxa mínima de luz.
Leia tudo sobre a taxação do sol e com ela funciona
Quem pode se beneficiar com o condomínio solar?
Os projetos de condomínios solares são uma opção viável para os consumidores que não querem ou não podem instalar um sistema fotovoltaico próprio.
É o caso, por exemplo, de quem mora em apartamento ou outro local que não ofereça o espaço necessário para a instalação do sistema, algo cada vez mais comum em grandes cidades verticalizadas.
Da mesma forma, o condomínio fotovoltaico também pode ser a solução para aqueles consumidores que precisam mudar com frequência.
Nesses casos, basta procurar um novo condomínio solar na região onde está localizado e assinar um contrato para voltar a usufruir da economia da energia solar.
Veja também: Energia solar para condomínio | Como Funciona a Energia Solar